* Peço, de antemão, desculpas por algumas repetições de termos/ideias e afins...o intuito desta postagem foi despejar mesmo certas frustrações. Sem contar o horário em que foi construído, o cansaço mental e físico não ajudaram também. Porém, acredito que consegui ser clara quanto à mensagem que quis passar.
Sempre ouvi dizer que, Pedagogia é um curso para quem não tem muita perspectiva, porque é fácil de entrar e barato... curso de povão!
Quem é o público que opta por esse curso?
Em grande maioria, mulheres! No mais.. dizem que pessoas que gostam de 'ensinar' e tem vocação (ou não); pessoas que gostam de crianças (???); quem acredita que assim terá uma vida mais leve (???); ou pela garantia de que dificilmente vai ficar desempregado; quem planeja fazer um concurso ou abrir uma 'escola'. Ou talvez porque, como eu, tenha uma motivação pessoal em mudar alguma coisa nessa dinâmica (estudante x educador), o que pode parecer utópico.
Mas qual sua motivação?? Já pensou quanto à essa questão??
Fazer um curso acadêmico apenas para obtenção de um certificado, é até atitude corriqueira nesse mundinho tosco que vivemos.
PEDAGOGIA
"Ciência que tem, como objeto de estudo, a educação, o processo de ensino e a aprendizagem.
O sujeito é o ser humano, enquanto educando." (Wikipedia)
Que tipo de professor você quer ser? Ou que tipo de professor você é??
Se você lida com seres humanos, é preciso trabalhar primeiramente consigo sobre visão de mundo, como você se enxerga e como enxerga os outros. Permitir-se ampliar a visão e enxergar além dos limites impostos por si ou pela sua própria subjetividade, ciente que ninguém é igual, cada ser humano é único.
Pessoas trazem entranhadas ideias pré-concebidos, os puros preconceitos que coroam como verdades absolutas e não conseguem desapegar ou nem tentam...
Trabalhar com pedagogia é lançar-se num universo de diversidades de todos os tipos. Esteja consciente que é preciso trabalhar a mente para aceitar o que é diferente, não apenas fazer de conta que aceita, Pode ser que haja um tipo de "diversidade" no seu contexto de vida (parente com algum tipo de N.E., colega de trabalho, etc), mas será que seu olhar para essa pessoa é despido de preconceito? Não é porque existe uma deficiência que aquela pessoa é uma coitada, veja além da superfície.
Precisamos internalizar que o mundo é composto de nuances e que a homogeneidade é algo que não tem domínio absoluto, pois as diferenças de gênero, diferenças estéticas, culturais, sociais, etc...estão ai! Há diferenças explícitas, visíveis... e aquelas que não estão na superfície?
E já que há tantas diferenças, como mediadores do processo de ensino-aprendizagem temos que acolher. Contudo, acolher não é só acomodar um indivíduo com síndrome de down ou uma paralisia cerebral ou qualquer N.E. na sala de aula e declarar que está praticando a inclusão. Ou mesmo um aceitar sob o mesmo teto da instituição, alunos negros, gays e hiperativos. Daí, dizer que tudo bem quanto à permanência deles... para num determinado momento, citá-los como 'os pretinhos', 'os viados' e 'os capetas'... é vergonhoso para quem assume o papel de mediador/educador e se comporta desse modo. Usar termos pejorativos, apenas fere, desqualifica. Coloque-se no lugar das pessoas sempre! E se um desses fosse seu filho? É desse modo que quer que as pessoas o tratem?
Incluir é aceitar a diferença buscando possibilidades de extrair o melhor dessas pessoas, detectar seus pontos fortes, inseri-las no processo de aprendizagem explorando suas possibilidades, sempre respeitando suas limitações e exaltando as potencialidades com enfoque em fluir de melhor modo possível a obtenção de conhecimento, promovendo também a troca do mesmo.
Deve-se ter plena consciência de que não se pode sustentar termos pejorativos para denominar problemas de outros, pois não importa quais limitações possam existir, aparentes ou não, ninguém tem o direito de descaracterizar quem quer que seja. Pois assim, como existem os problemas ou necessidades (cognitivo, comportamental, físico, etc) do sujeito que, de algum modo promovam alguma limitação, há também características e habilidades que o diferenciam e que devem sim, ser valorizadas.

Deve-se ter consciência do prazer e do peso da responsabilidade de assumir o papel do educador. Acredito que muitos esquecem que suas ações causarão impacto direto na vida de um indivíduo, no seu contexto de vida (família, acadêmico.. ).
Há professores que me alegro em rememorar e outros que não faço questão de lembrar, porque marcaram tão negativamente na minha vida e não merecem nem mesmo o meu desprezo.
Eu não quero ser um simples professor que entra na sala, enche linguiça e vai embora, em prol de um salário e alguns poucos benefícios. Meu intento é fazer a diferença, ser humana, estimular as melhores qualidades que meus educandos possam ter, promover a valorização do saber.
Não gosto do termo 'alunos', que significa 'sem luz', termo utilizado conforme contexto histórico, onde o aprendiz era apenas seguidor e não tinha luz própria. Eu enxergo potencial, até mesmo no solo mais árido!
E se aqueles que se propõe a seguir no campo da educação persistirem na secura do ensino, sem valorizar as questões humanas, que tipo de pessoas ajudarão a formar??
Que tenhamos bom senso e consciência do nosso papel social como educadores, a fim de estimular a criticidade e a reflexão, a formação de indivíduos pensantes e questionadores que não se detém a seguir fórmulas pré-fabricadas e limitantes ... mas que pensem 'fora da casinha'.
ACRESCENTANDO MAIS UMA INQUIETAÇÃO (...)
Sinto-me inquieta em buscar mais, aprender mais... porém, me aborrece ver pessoas que parecem não demonstrar compromisso com o que se propõe enquanto mestre/doutor no campo de educação. Muitos discentes por ignorância (desconhecimento total do propósito de certas matérias) desconsideram que teorias de algumas disciplinas servirão tanto na construção dos trabalhos de rotina acadêmica quanto no TCC/Monografia e não 'sugam' do docente acreditando que aquilo é chato, apenas empurram com a barriga e fogem de delongas. No campo acadêmico é preciso engolir até o que parece chato, mas que tem ou pode ter valor crucial. Creio que a obrigação do docente, enquanto mediador no âmbito acadêmico, é também, alertar quanto às questões chaves da construção teórico-prática do conhecimento, assim como os canais que facilitam o trânsito nesse processo. Percebo que as pessoas estão perdidas e não conseguem obter autonomia para explorar esse universo, ficam desesperadas em ter o professor como bengala e efetivam a dependência acadêmica. E em dadas situações, falta ao professor didática, tal como organização e planejamento, e acima de tudo, incentivo à autonomia. Segue aquela receita de bolo fajuta, "o prof mandou assim, só pode assim"... Gente do céu... tem prof que só quer matar o tempo naquela aulinha e ir para casa, ... que já está com o currículo que desejou, enquanto os discentes 'beatos' estão fadados a não sair do lugar ( se concluir a licenciatura, blz, talvez uma pós e olhe lá!). Muitas vezes, aquela matéria não é a 'praia' do professor e o discente compra o pacote básico acreditando que adquiriu um Premium. Não culpo o docente, pois a ideia é que ao adentrar o mundo acadêmico, busque-se autonomia, que o discente construa seu próprio caminho, infelizmente algumas pessoas querem apenas 'bolacha quebrada' (*) e brincar de siga o mestre, porque não querem ter o trabalho de pesquisar e aprofundar conhecimentos, alegando a velha desculpa da falta de tempo ou por mera preguiça ... bem, há outras razões (...). Pois é, vida acadêmica não é como no ensino médio, algumas instituições podem até exercer o papel de facilitadoras, mas aqui é o 'mundo adulto', você constrói sua trajetória. Aprendi muito na minha primeira graduação em Enfermagem, e obtive capacitação para trilhar e aproveitar do melhor modo possível o âmbito acadêmico na área de educação. Com isso, consigo usufruir sem tanto sofrimento, só mesmo administrando e me adequando as diferenças existentes ou exigências requeridas. A primeira graduação (bacharelado) não foi fácil, primeiro pelas dificuldades da primeira vez e incertezas quanto ao curso e etc etc etc, dessa vez a questão central, não é o curso em si, mas as relações interpessoais, o modo de ver o mundo e de pensar, questões culturais (baiana no sul do país), etc. Mas a vida em si é um desafio!
Sigo meu caminho e a fé é parceira de todas as horas, confiando em Deus que tem me abençoado e me protegido sempre, e que sou grata de todo coração.
Enfim, despejei um pouco da frustração do dia.