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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Bullying homofóbico: Já chega!


A Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como: o uso intencional da força física ou do poder, real ou potencial, contra si próprio, contra outras pessoas ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação. Essa definição considera as diferentes formas de violência que não acarretam, necessariamente, em lesão ou morte, ou seja, diz respeito também às situações de desigualdade e discriminação que ocorrem dentro da família, nos sistemas de saúde, nas escolas, nos ambientes de trabalho e nas comunidades em que se vive. Além disso, essa definição associa a intenção de se cometer um ato violento às relações e práticas de poder incluindo, portanto, as ameaças, intimidações, negligências e todos os tipos de abuso — físico, sexual e psicológico.

A homofobia pode ser traduzida em ódio, desprezo, intolerância e rejeição contra pessoas por conta de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero presumidas. A escola costuma ser um ambiente hostil para lésbicas, gays e bissexuais. A maioria das pessoas que se identificam como transexuais ou travestis também sofre as hostilidades produzidas pela homofobia porque, principalmente na infância ou juventude, é vista pela sociedade tão somente como homossexuais. Eles são frequentemente vítimas de piadas, agressões físicas e verbais.

O bullying homofóbico pode gerar consequências, tais como: baixo rendimento escolar; dificuldade de relação social; fobia escolar; depressão; tentativa de suicídio; etc. A invisibilidade pública, o preconceito, o machismo, a misoginia e a lesbofobia, algumas vezes vivenciados desde a infância, podem contribuir para o consumo excessivo de álcool, cigarro ou outras drogas. Também podem contribuir para baixa autoestima, uma depreciação de si, o que pode conduzir ao pouco autocuidado corporal, ao sobrepeso e à baixa procura aos serviços de saúde, por exemplo. Cabe ainda ressaltar que o uso de substâncias químicas não se restringe às drogas psicoativas, inclui também as substâncias usadas para outros fins como, por exemplo, os hormônios (anabolizantes esteroides e hormônios femininos) e silicone líquido, que, se usados de forma inadequada, trazem prejuízos à saúde.

Não só profissionais de saúde, mas nossas condutas, COMO EDUCADORES, devem ser pautadas no acolhimento humanizado e no cuidado da população LGBT, abrangendo, além das necessidades comuns de saúde, demandas específicas que implicam em seu bem-estar com sua identidade de gênero e sua orientação sexual.


Conteúdo do curso: Política Nacional de Saúde Integral LGBT UERJ / UNA-SUS / UNA-SUS/RJ / SUS / Fiocruz / MS


terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Novos tempos: Crianças x Pets

Assistir

O filme 'O poderoso chefinho' crítica de um modo sútil a substituição de filhos por pets, traz também a natural e tradicional disputa entre irmãos (neste caso de um modo particular devido ao contexto do filme). Mas o enfoque é o que esta ocorrendo hoje na sociedade.

As famílias, hoje, analisam o que lhes cai bem... afetiva e financeiramente. Esse filme de um certo modo nos leva a refletir a realidade. Os pets cada vez mais dominam o mercado, as casas e principalmente os corações de famílias e/ou de solitários. O carinho altruísta dos animais cativam com tamanha intensidade que leva algumas pessoas a questionar as opções: filhos ou pets?


Quando colocamos na balança responsabilidades, custos, benefícios afetivos, etc... O que é mais fácil ou mais cômodo?

Crianças crescem e com isso o custo também, pois os pais precisam, geralmente, manter a educação do infantil ao nível superior, vestuário, despesas médicas e necessidades extras como lazer, entre outros custos e itens. Enquanto pets, a despesa basicamente está na alimentação e veterinário eventualmente. Isso falando da parte financeira!

Se bem que, os preços de itens vendidos em pet shops concorrem com os itens vendidos na loja infantil em preço e variedades. 

Passeando em Balneário Camboriú, deparei-me com uma mulher levando o cachorro, uma chihuahua, num carrinho para pet. (uma espécie de carrinho de bebê, mas para pets). Quase igual ou igual a este:


Meu marido ficou horrorizado com a cena, se consigo definir bem a cara dele! Então, conversamos sobre essa inversão. O exagero em infantilizar um animal!

Em dias corridos como os nossos, do mundo adulto, muitas vezes abrir mão de criar filhos (biológicos ou adotivos) torna-se algo conveniente. Óbvio que os pets precisam de atenção e até mesmo de uma rotina, os cachorros mais que os gatos, mas filhos impõe atenção redobrada. Assim, analisamos como as tendências mudam, conforme a lei da praticidade e economia financeira, e de tempo.

Temos nossos filhos (ambos do casamento anterior), Lara e Guga e também nossos filhos pets, uma gata, Maily e uma cadela, Mel (adotadas/resgate). Para quem viu a postagem Estágio em Educação Infantil, vai ver os desenhos (versões) das duas na historinha Nani e seus amigos.


O ideal seria uma família completa, com os pets como adicionais para alegria de todos. Contudo, cada qual sabe o que lhe faz feliz ou o que é conveniente ao seu estilo de vida ou mesmo ao bolso. 

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Direitos Humanos - Para humanos direitos?


DIREITOS HUMANOS PARA HUMANOS DIREITOS! (?)



O QUE SÃO DIREITOS HUMANOS?
QUEM SÃO OS HUMANOS DIREITOS?
PODEMOS JULGAR E DEFINIR QUEM TEM OU NÃO DIREITOS HUMANOS?
QUANDO JULGAMOS ALGO OU ALGUÉM, QUAIS NOSSOS PARÂMETROS?

REFLEXÃO: O que são direitos?
  • garantias 
  • lei
  • obrigação
  • aquilo que é justo
  • (...)

A História dos Direitos Humanos (legenda)


DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

* Declaração não é lei!!

A Organização das Nações Unidas (ONU): Nasceu em 1945, após a II Guerra Mundial. É uma organização internacional com o objetivo de facilitar a cooperação em termos de direito e segurança internacional, desenvolvimento econômico, progresso social, direitos humanos e da paz mundial, e assim promover ou encorajar respeito aos direitos humanos fundamentais. 

ESTRUTURA DA ONU: Formada por 192 estados-membros, incluindo quase todos os soberanos do mundo. 
  • Assembleia Geral: Órgão deliberativo, do qual participam todos os Estados-Membros da Nações Unidas.
  • Conselho de Segurança: Tem o objetivo de decidir resoluções de paz e segurança. São 05 membros permanentes (EUA, Rússia, Reino Unido, França e China), e 10 membros eleitos pela Assembleia Geral para um mandato de 02 anos; 
  • Conselho Econômico e Social: Auxilia na promoção da cooperação econômica, social e no desenvolvimento mundial. 
  • Secretariado: Fornece estudos e informações.
  • Tribunal Internacional de Justiça: Órgão judicial principal.
Além das instâncias administrativas, a ONU também é formada por um grande sistema, chamado Sistema das Nações Unidas, formado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)

A UNICEF é uma agência das Nações Unidas que tem como objetivo promover a defesa dos direitos das crianças, ajudar a dar resposta às suas necessidades básicas e contribuir para o seu desenvolvimento. A ONU é financiada por contribuições de todos os seus Estados membros, e tem 06 idiomas oficiais: Árabe, Chinês, Inglês, Francês, Russo e Espanhol

Carta de princípios: Foi proclamada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em 10 de Dezembro de 1948, em que se afirma a preocupação internacional com a preservação dos direitos humanos e se define quais são esses mesmos direitos. 

Declaração Universal dos Direitos do Homem: Enuncia os direitos fundamentais, civis, políticos e sociais de que devem gozar todos os seres humanos, sem discriminação de raça, sexo, nacionalidade ou de qualquer outro tipo, qualquer que seja o país que habite ou o regime nele instituído.

Eleanor Roosevelt exibe cartaz contendo a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1949)
* Nem todos países são signatários, ou seja, assinaram em concordância com os objetivos da ONU.

LINHA DE TEMPO:

O papel das Nações Unidas foi determinante na elaboração dos tratados internacionais, bem como na fiscalização da sua aplicação, para o que existem diferentes comissariados.

1965 - sobre direitos civis e políticos; sobre os direitos econômicos, sociais e culturais; sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial;

1979 - sobre todas as formas de discriminação contra as mulheres;

1984 - contra a tortura e outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes;

1989 - sobre os direitos das crianças



Direitos Humanos são os direitos fundamentais de todo ser humano, sem nenhuma discriminação, seja étnica, social, econômica, jurídica, política ou ideológica. Eles constituem condição indispensável para se alcançar uma convivência em que todos sejam respeitados indistintamente. São inerentes a todos, independente de etnia, sexo, nacionalidade, idioma, religião, identidade de gênero, orientação sexual ou qualquer outra condição.

Quem tem direito? TODO SER HUMANO
Condição única: SER HUMANO
Quais direito? DIREITO SOCIAL, CULTURAL, ECONÔMICO, ETC...

Estes direitos tem como características importantes: 

- São universais, porque são para todos.
- São históricos, pois sua leitura independe do tempo em que se vive.
- São inalienáveis, pois ninguém pode tomá-los de você.
- São irrenunciáveis, pois não se pode abrir mão.

Os Direitos Humanos comumente são estigmatizados como "direitos de bandido".
OBS.: Mas pode ser limitado! Em casos em que, mediante uma ação criminal, vigora a legislação do país. Ressaltando que, os direitos humanos não defendem impunidade. Exemplo: encarceramento (privação de liberdade). Porém, depende da Constituição de cada país, há casos de pena de morte.

Mais informações: ONU - O QUE SÃO DIREITOS HUMANOS?


A desigualdade social tão evidente, está vinculada a falta de respeito aos direitos humanos. Pois uma sociedade privada de moradia digna, alimentação, uma renda estável, acesso à educação/capacitação profissional de qualidade e segurança é fraca, instável e não honra os direitos de cidadania. Tais como equidade, progresso social, ou seja, melhores condições de vida para todos.


Acesse - versão simplificada:



Dinâmica - Diversidade sexual para Fundamental II



     A diversidade cultural se opõe a homogeneização e a imposição cultural. Historicamente, os preconceitos são passados de geração em geração, e é notável que a sexualidade ainda é um assunto cercado por tabus sociais, mesmo em tempos de globalização. 
     É na escola, um espaço interacional, onde ocorrem os encontros entre diversidades de todos os tipos e práticas sociais. Deste modo, deve-se pensar no espaço escolar como o local propício para trabalhar a inclusão às diversidades e desconstrução do preconceito.
      Lima (2008, p.35) considera que o preconceito implica um sentimento ou uma ideia estereotipada de características individuais ou grupais, que correspondem a valores negativos. Contudo, é importante considerar que a sociedade brasileira é constituída pela pluralidade, o que torna imprescindível o trabalho de inclusão social, o que remete a importância da escola nesse sentido.

      A palavra inclusão pressupõe acolhimento, levando em consideração a aceitação, valorização e compromisso. A sensibilização e um novo olhar por parte de educandos e educadores nesta tarefa, com intuito de minimizar prejuízos acadêmicos e emocionais, faz-se essencial.

Um modo de trabalhar o assunto com o Fundamental II



Exibição do vídeo “Medo de quê?"

Sinopse: Desenho animado sem palavras, elaborado para provocar reflexões críticas que contribuem para o respeito à diversidade sexual e redução da homofobia entre homens jovens. Marcelo é um garoto que descobre o desejo e afetividade com outro rapaz jovem e o vídeo acompanha parte de sua trajetória. Marcelo é um garoto que, como tantos outros, é cheio de sonhos, desejos e planos. Descobre que sente atração afetivo-sexual por rapazes. Seus pais, seu amigo João e a comunidade onde vivem têm outras expectativas em relação a ele, que nem sempre correspondem aos desejos de Marcelo. Esse desenho animado sem falas é um convite à reflexão sobre esses medos e à busca de uma sociedade mais plural, solidária e cidadã.

Objetivo de aprendizagem (pode-se explorar a temática de acordo com a pretensão do educador e faixa etária/maturidade/cultura dos educandos):

Promover discussão sobre padrões de comportamento em relação ao namoro e a vivência de Marcelo, em experimentar uma relação hétero e homossexual;

Refletir a razão pela qual a sexualidade do outro causa incômodo;

●  Propiciar uma análise aos educandos sobre o comportamento e as expectativas e relações sociais do personagem (família, amigos, amor);

Inquirir aos educandos, se há certo ou errado quanto à orientação sexual do personagem, considerando o comportamento da família e amigos do mesmo;

● Refletir sobre as questões de intolerância às diversidades sexuais apresentadas no vídeo, observando o contexto nas entrelinhas da história;

Analisar sobre o que é o convencional na sociedade (heteronormatividade) e as relações homo afetivas;

Observar como os educandos pensam sobre as relações homo afetivas;

Promover reflexão sobre a empatia, cidadania, humanização.

Propiciar aos alunos, um olhar sensível e de respeito à livre orientação sexual, com a ideia de reduzir o ímpeto de discriminação e sexismo.

Promover uma reflexão sobre homossexualidade e homofobia, procurando sensibilizar os participantes a uma maior aceitação da diversidade sexual humana.

Proposta a ser desenvolvida: Aula interativa com apresentação do vídeo "Medo de quê?" (18 minutos), produzido com uma parceria ECOS, Instituto Promundo, Instituto PAPAI e Salud Gênero.

Estratégia: Apresentação do vídeo “Medo de quê?”. Após assistir, ouvir opiniões dos educandos acerca do vídeo. Inicialmente, o mediador não oferecerá julgamento de quaisquer tipo. Após ouvir os educandos, informar sobre o tema central e objetivos da atividade. Fazer questionamentos que induzam a reflexão sobre a história, promovendo analogias à sociedade em que vivemos, ressaltando sobre o direito de escolha de cada um, colocar-se no lugar do outro, além de ressaltar que todos somos iguais, porque somos humanos, e principalmente, temos direito de escolher o que nos faz feliz.

Recurso: Computador, tela de projeção.

Avaliação: Observar participação da turma e interesse pela temática. 

REFERÊNCIA: Medo de quê? Produção Aliança H, com parceria da ECOS, Instituto Promundo, Instituto PAPAI e Salud Gênero. Duração: 18 minutos. Promoção da cidadania e dos direitos humanos para a população GLBTTT. Porto Alegre: Grupo Outra Visão, 2006. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=oryExiO5PL4 Acesso em 31 de outubro de 2017. 

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Estágio em Educação Infantil



REGÊNCIA

Data: 08/12/2017

O planejamento da regência foi elaborado com base no que observei durante os dias de estágio, prender a atenção das crianças, tais como histórias com animais e imitação de sons, música e dança. Com base neste contexto, elaborei um livro utilizando papel A4 com desenhos feitos por mim.

Com base na ideia do livro " Viviana, a rainha do pijama" (S. Webb), resolvi criar um material bem colorido e todo feito a mão. Para dar um pouco mais de rigidez, colei em posters de revistas.

PS: Esqueci de tirar as fotos antes de o material ser manuseado pelas crianças 🙈

 A história de título “Nani e seus amigos em: A grande festa”, com 12 páginas, todo feito manualmente e multicolorido, contendo muitos desenhos de animais. De imediato, ao expor o material, a curiosidade tomou conta da turma e assim, junto às educadoras que encontravam-se na sala, organizamos as crianças em círculo.

Descrição da história: Uma menina chamada Nani, que em parceria com seus pets, a gata Maily e a Cadela Mel, resolveram fazer uma festa e convidar seus amigos com seus respectivos pets, através de cartinhas e junto com a resposta de comparecimento, solicitava a música favorita dos convidados. Cada qual representava um grupo, tais como fadas, soldados, realeza, índios, marinheiros, aventureiros, fazendeiros e ciclistas.



As peninhas são verdadeiras - colhidas no parque. As crianças, uma a uma, tocaram para exercitar a sensibilização.
CONVITES









Conforme fazia as leituras dos convites e respectivas respostas, cantávamos a música escolhida, dentre elas: “A dança da fadinha”, “Marcha Soldado”, “Se você está contente”, “Os indiozinhos”, “Marinheiro só”, “Negro lindo”, “Pintinho amarelinho” e “Caranguejo”.

A ideia original era que após cada música fosse dado o brinde confeccionado com base no contexto da história, todos feitos de papel, caneta colorida, lápis de cor e glitter. Contudo, precisei deixar para o final, pois causou agitação entre as crianças pela curiosidade, ocasionando desentendimento entre os pequenos. Dentre os brindes havia: varinhas para fadas, chapéus de soldado, coroas, cocares, barquinhos, borboleta, tartaruga, celulares Icreche e ovelhinhas.


Após finalizar os convites e as confirmações, cantei um trecho da música “Tempo de alegria” - Ivete Sangalo e joguei bexigas coloridas para o alto. Todos brincaram tanto com as bolas quanto com os brindes. Porém, a professora decidiu recolher para evitar disputa.

Acredito que as crianças gostaram, visto que interagiram cantando e dançando.😁🙏

Na maior parte do tempo, a maioria prestou atenção e mostraram-se curiosos a cada página. Um momento interessante foi quando na p.03, visualizaram o cachorro e fizeram imitação, assim como tocaram as peninhas de verdade que estavam coladas na página e também reconheceram alguns animais, como a aranha.


Em geral, como avaliação, foi satisfatória a experiência e consegui prender a atenção da maioria por tempo considerável e atendeu as minhas expectativas. 


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Dica: Apresentação de trabalho sobre ECA com RENDERFOREST




Renderforest é uma plataforma de produção de vídeo grátis, que ajuda você a criar vídeos promocionais, animações explicativas, introduções, slideshows, etc

LinkRENDERFOREST

Educação, educadores e meus pensamentos (Gigolô das Palavras - Veríssimo)


O gigolô das palavras - Luís Fernando Veríssimo

Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua.
Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instrumento vital da pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna, se descabelava diariamente com suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. Já estava até preparando, às pressas, minha defesa (“Culpa da revisão! Culpa da revisão !”).
Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se criasseEles mesmos tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo errado? Não. Então vamos em frente.
Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios.
Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer “escrever claro” não é certo mas é claro, certo?
O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover… Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com Gramática.)
A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua mas sozinha não diz nada, não tem futuro.
As múmias conversam entre si em Gramática pura.
Claro que eu não disse tudo para meus entrevistadores. E adverti que minha implicância com a Gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas – isso eu disse – vejam vocês, a intimidade com a Gramática é tão indispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria.
Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenho o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito.
Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria a sua patroa ! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção.
A Gramática precisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda.


********

O escritor Luís Fernando Veríssimo demonstra em sua fala (no texto "Gigolô das palavras"), que a linguagem não é apenas mero meio de comunicação, ele manipula livremente as palavras conforme seu prazer e necessidade, mesmo admitindo não conhecer a gramática a fundo. Porém, entre tantas regras, creio ser quase impossível apossar-se por completo deste conhecimento metalinguístico. Caso fosse fácil, professores teriam domínio da gramática na sua totalidade e passariam aos seus alunos o conhecimento de um modo menos sofrível. Há regras em que podemos criar associações e analogias, facilitando o aprendizado. Mas e aquelas que o único caminho se dá por intermédio da memorização? 

Educadores, temos que ser criativos e produtivos, nossos educandos não tem o mesmo nível de conhecimento entre si e nem a mesma facilidade de compreensão. Cada um é cada um! Não adianta fazer de conta que todos saíram da mesma fôrma e estão prontos para reproduzir o que é dito na sala. Bem, ai vem a questão sobre tempo e rotina, compreendo e sei que será um desafio brutal! Precisamos seguir com os conteúdos, temos provas a aplicar... mas é a isso que a nossa educação é resumida? Seguir o tradicionalismo e a formalidades de séculos quando tudo está em processo de mudança contínua? Dar conteúdo em sala, avaliar, reprovar ou aprovar? 

Precisamos sair do "normal", "da velha casinha"... Sei que a remuneração é ínfima (para não dizer ridícula), os incentivos aos educadores quase inexistentes, horas quase infinitas de trabalho sem reconhecimento ou status, mas quando optamos pela educação no Brasil (pedagogia, letras e afins) sabemos de tudo isso! Ou alguém acreditou em passe de mágica? Todavia, já que a escolha pela área foi feita, será que é tão doloroso usar alguns minutos para pesquisar novas modalidades ou ideias sobre práticas pedagógicas que estão dando certo em algum lugar do mundo, beneficiando outros humanos, ao invés de usar esses mesmos minutos para falar mal do povo no what´s app, focar no problema alheio e criticar a roupa das sub-celebs? Sejamos altruístas, pelo menos de vez em quando! Se temos capacidade de atravessar ruas digitando e lendo no celular, ler e responder mensagens de texto dirigindo, nos atualizar de informações alheias em tempo integral, virar a noite em bate-papo "cazamiga" e muitas vezes enchendo a cara lamentando o fora do ex, por que não uma olhadinha no mundo virtual a favor da educação?

Qual a sua concepção de ensino? 

Que tipo de aluno você deseja formar? 

Qual seu compromisso com a educação?

Não estou aqui para atrair haters ou aporrinhar aqueles sem propósito de mudanças e nem para afrontar ninguém com meus monólogos. Tenho um propósito no âmbito de Educação, assumi um compromisso comigo mesma que é o mais importante. Se eu conseguir tocar de algum modo outros educadores ou futuros educadores a refletirem sua conduta, que bom! Caso seja indiferente? E daí? Tenho que ter fidelidade naquilo que acredito, que apesar das barreiras internas proporcionadas pela minha vivência, continuo seguindo... pulando os muros invisíveis que minha mente me obriga a saltar constantemente e prossigo desviando das montanhas do meu caminho. Outras barreiras, tais como apoio das políticas públicas para fazer acontecer a educação de qualidade com intuito de formar cidadãos é óbvio que espero isso. Mas se o trabalho de formiguinha não acontecer, como será nosso futuro, o de nossos filhos e netos? Tudo parte de uma mudança interna, o país está estraçalhado com a corrupção e nem protestos existem mais...é assim, está tudo bem? 

Sem empoderar as pessoas através do conhecimento, teremos apenas mais sujeitos sem sonhos, acreditando alienadamente que aquela vidinha (baixo salário, misérias, sem esperança, etc) é a única que pode ter e que o voto é apenas mera obrigação formal. 

Se, nós educadores, não  formos os instrumentos de mudança, o que vai ser desse Brasil?
Tudo começa pela educação!

Sem mais delongas!




segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Concepções de linguagem





Recapitulação de uma das primeiras aulas de Fundamentos Teóricos Metodológicos da Língua Portuguesa.

O professor bem capacitado sabe usar a linguagem a seu favor e à favor de seus alunos. As diferentes configurações no ensino da língua dependem da concepção de linguagem. É imprescindível que o professor conheça as diferenças entre os tipos de concepções de linguagem, para que esteja ciente de sua prática e de qual tipo de aluno deseja formar. 
  • Linguagem como expressão de pensamento - quem fala ou escreve errado não sabe pensar.
  • Linguagem como um instrumento de comunicação - apenas decodifica códigos.
Esses dois primeiros conceitos são limitados, restritivos e ultrapassados.

O enfoque sócio-interacionista: Aula pautada em textos


Como recusa à alienação do tradicionalismo, o professor que elege a prática da concepção interacional da linguagem, acolhe estas variedades linguísticas sem preconceito, respeitando-as sem críticas para não bloquear o aprendizado, pois são úteis à comunicação e interação social, com isso ressalta-se a ideia de que o mundo da cognição e o mundo da vida estão interligados e influenciam-se mutuamente (BAKHTIN, 2002).

A concepção interacionista é utilizada desde o século passado por ser uma forma eficiente de formar um sujeito crítico, pois através da leitura de textos com ênfase em análise de conteúdo, é possível compreender além das entrelinhas e de mera interpretação, e mais, possibilita também o reconhecimento da estrutura dos diversos tipos textuais, comparações de ideias, além de troca de impressões com terceiros.

A consolidação do hábito de ler desde a educação infantil, trabalhando sempre com temas diversificados, remete a formação tanto de bons leitores quanto de bons escritores. Pois o estímulo a leitura em consonância com a prática interacionista favorece a evolução na forma da escrita proporcionando o desenvolvimento de um estilo próprio e incorporação de novo vocabulário.

Portanto, o professor que opta pela concepção de linguagem interacionista deve atuar como mediador no processo ensino-aprendizagem, todavia considerar que a escola é um espaço privilegiado de aprendizagem associado ao contexto sócio-histórico-cultural e à subjetividade dos alunos.Sendo assim, é fato que não existe linguagem dissociada do ser humano, pois esta existe para ele e por ele, é o que o diferencia.

A função social da Escola na EJA. Escola; Pra quê te querem?


Mais um artigo sobre Educação para Jovens e Adultos a ser trabalhado, com intuito de aprofundar os conhecimentos quanto ao assunto, na perspectiva dos autores citados abaixo.

Autores do artigo: Fernanda Maria da Silva¹, Marina Andretta Barbosa ² e Xavier Uytdenbroek ³

Principal objetivo: Analisar a função social que cumpre a escola para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), a partir da comparação da legislação educacional vigente e a prática vivenciada por educadores e educandos. Perante a dicotomia teoria-prática, buscaram identificar propósitos da educação para este público na literatura oficial.

A pesquisa realizada por intermédio de abordagem qualitativa - análise das propostas educacionais na legislação brasileira seguida de uma pesquisa de campo na qual foram utilizados como procedimentos metodológicos observações e entrevistas com alunos e professores de duas escolas da Prefeitura Municipal do Recife. 

Com base nos documentos formais, tais como, Lei 9394/96 (LDB/96), Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), o Plano Nacional de Educação 2001 e a Constituição Federal de 1988, no que dizem respeito à Educação de Jovens e Adultos (EJA): oficialmente, a função social qual a EJA se propõe a cumprir é a de preparar jovens e adultos, através de oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, possibilitar aos educandos aquisição de conhecimentos e habilidades necessários ao exercício da cidadania, preparação para o mundo do trabalho e participação crítica na vida política.

Orientação prática:

➽ EJA - Política Pública comprometidas com transformações estruturais e bancada pelo Estado. Com intenções éticas, políticas, culturais e sociais em curto, médio e longo prazo, que requer qualidade, profissionais qualificados e o seu desenvolvimento é como de um projeto social. É fundamental para todas as idades, pois ainda há um grande contingente de analfabetos no Brasil, o que remete a um processo de exclusão social. E tem como princípios: ler, escrever, interpretar.

➽ É uma política de inserção auto-sustentável. A EJA é um projeto estratégico e tático de Educação Nacional e tecnológica para formação de um sujeito com autonomia intelectual.

"A educação de jovens e adultos, visando a transformação necessária, com o objetivo de cumprir de maneira satisfatória sua função de preparar jovens e adultos para o exercício da cidadania e para o mundo do trabalho, necessita de mudanças significativas." (PCNs)

Essas mudanças estão acontecendo? Sob o ponto de vista dos autores: em sua maioria ainda estão por se concretizar. Essas mudanças foram norteadas pelos valores apresentados na Conferência Internacional de Hamburgo, na Lei 9394/96, no Parecer CEB 11/00, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos e na Deliberação 08/00 CEB. 

Na observação prática, na pesquisa de campo, os autores observaram: o propósito destinado a EJA continua cumprindo uma função paliativa, que na maioria das vezes abrange apenas os processos de alfabetização do educando, ao contrário do que orienta o PNE 2001, que faz referência não só a alfabetização mas também aos aspectos de formação do educando enquanto cidadão: 

"A alfabetização dessa população seja entendida como no sentido amplo de domínio dos instrumentos básicos da cultura letrada, das operações matemáticas elementares, da evolução histórica da sociedade humana, da diversidade do espaço físico e político mundial e da constituição da sociedade brasileira. Envolve ainda a formação do cidadão responsável e consciente de seus direitos e deveres."

O Plano Nacional de Educação 2001 mostra uma distorção grave entre os propósitos teóricos e práticos da EJA.

Observou-se que, o público que frequenta as salas de EJA tem muita vontade de aprender, alguns demonstram uma verdadeira sede por conhecimentos novos, reconhece a importância da educação para a formação do individuo, a importância da cultura letrada, entre outras coisas.

E na prática?  Tais fatores não são suficientes para a efetivação da função social que a EJA se propõe a cumprir. Na prática esta função passa por oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho. Porém a realidade vivenciada pelo alunado não parece ser tão levada em consideração como prevê a legislação.

Quanto ao acesso à EJA? Os problemas são muito mais complexos, apesar da melhoria nos índices, segundo declarações inscritas no texto. 

Importantes observações 
  • Não basta estar na escola, é preciso ter garantidos os direitos de acesso e permanência, condições dignas de estudo e ensino, práticas docentes que incentivem a reflexão e a formação cidadã, através de conteúdos significativos para este público.
  • É preciso que os sujeitos tenham plena consciência sobre que papel desempenha a escola em suas vidas, até mesmo sobre a real serventia deste modelo de escola perante suas demandas sociais, para que possam ter clareza sobre o que os traz novamente ou pela primeira vez à escola.
➽ As motivações de jovens e adultos são diferentes da motivações infantis. Para criança, há necessidade de um currículo padronizado e extenso, mas os adultos necessitam de conteúdos de aplicação prática para a vida diária e para resolução de problemas. Bons exemplos de triunfos adquiridos com a EJA é a independência de ler e escrever com privacidade, pegar ônibus, ler placas e informativos cruciais para o cumprimento da rotina. Deve-se observar as motivações que o levam a escola pela primeira vez ou mais uma vez. A sensibilidade à estímulos internos também são distintas, tais como satisfação, auto-estima, qualidade de vida, enquanto crianças são estimuladas por outras razões, tais como boas notas e elogio de pais e professores. 
  
Motivadores do tema e intenções
  • Analisar qual a função social da escola na Educação de Jovens e Adultos, perante a dicotomia teoria-prática, identificando os propósitos da educação para este público na literatura oficial e comparando-os com a vivência escolar de educadores e educandos.
  • Averiguar o que as Leis determinam é de certa forma fácil descobrir, através da verificação das propostas oficiais que foram analisadas, comparando-as com a vivência escolar de educadores e educandos, a fim de compreender como se aproximam, se determinam modelos que são seguidos ou não e até que ponto. 
  • Analisar, no campo escolhido, se a educação contribui com o processo de transformação da consciência, no sentido da criticidade do educando, enquanto ser social e histórico. 
  • Identificar em que aspectos a escola pode ser considerada um espaço capaz de gerar práticas sociais que contribuam para tal transformação. (Para tanto foi preciso adentrar em questões como autonomia, emancipação dos sujeitos, seu senso crítico e suas perspectivas perante a realidade.)
Muito importante também para os autores, foi considerar as expectativas que educadores e educandos depositam na Educação de Jovens e Adultos. 

 Breve análise sobre abordagem EJA: A metodologia utilizada para o ensino de jovens e adultos deve ser estratégica, pois há uma distancia abismal entre o modelo pedagógico e o modelo andragógico. Antes de construir um planejamento de aula para jovens e adultos, são necessários alguns questionamentos práticos:
  • Como os jovens/adultos pensam?
  • Deve-se levar em consideração que, uma sala de aula de EJA é constituída por pessoas de diferentes gerações. Portanto, a importância de analisar o público. Como posso atender essa demanda distinta?
  • Tendencialmente, crianças arriscam mais em errar/acertar, aprendem mais facilmente. Para o público EJA, não é tão fácil, pois implica em sentimentos que podem comprometer o interesse acadêmico e dificultar o aprendizado. Como abordar esses alunos na prática sem causar constrangimento ou retraí-los?
  • Jovens e adultos tem metas precisas. Cabe ao educador refletir seus objetivos com as aulas dadas, mantendo o enfoque na formação de cidadãos conscientes, críticos e capazes de refletir, e não apenas ensinar a ler e escrever. Deve-se refletir, o que quero como educador alcançar com minhas aulas?
  • Investigar os anseios e sonhos do aluno de EJA, mesmo que de modo discreto para não constrangê-lo. Quais as motivações desse aluno? Pode ser resolução de problemas do cotidiano, crescimento profissional e acadêmico, etc. 
Fato! 
"A legislação propõe muito mais do que os alunos esperam e cumpre muito menos do que estes mesmos alunos têm direito."
EJA NA HISTÓRIA RECENTE DO BRASIL: SÓ DEPOIS DE 1934... 
  • A Constituição Federal de 1934 é o primeiro documento que determina nacionalmente algo sobre a educação de adultos: Art 150  Compete à União: Parágrafo único 
a) ensino primário integral gratuito e de freqüência obrigatória extensiva aos adultos

Ainda que de forma quase imperceptível é onde se estabelece que a educação é gratuita, obrigatória e extensiva aos adultos. Explicitada  ainda como uma concessão. Pela primeira vez abre-se legalmente a brecha para se falar em Educação de Adultos. 
  • Pós Revolução de 1930 - a sociedade brasileira deu indícios de considerar a importância da educação também para os adultos, por muitas décadas, citados apenas como analfabetos.
 A revolução de 1930 foi um marco na reformulação do papel do estado no Brasil, profundas mudanças vinham acontecendo no país. Políticos e intelectuais estavam engajados na luta para reafirmar o Brasil como nação. Até aquela época prevalecia o federalismo, que reforçava os interesses das oligarquias regionais, porém a partir desse movimento a nação como um todo, estava sendo reafirmada. 
  • Década de 1940 - a União toma iniciativas pouco mais significativas, dando margem em seu discurso à educação de todos os adolescentes e adultos. Entre 1930-1945, houve a formação e a consolidação de um governo central, com iniciativas que trariam repercussões mais notáveis para a educação. 
  • A partir de 1945, segundo Beisiegel (1974), a UNESCO passou a influir diretamente nas políticas educacionais, trazendo contribuições quanto à expansão do ensino, da saúde e desenvolvimento social no Brasil.
  • Entre 1950 e 1964 houve espaço e tempo fértil para a disseminação das iniciativas educacionais verdadeiras, mais ligadas às necessidades da população, principalmente pela grande contribuição do método Paulo Freire, posto em prática em 1961, no Movimento de Cultura Popular em Recife e depois aceito pelos planos do Governo Federal e levado a outros estados, difundido com grande aceitação até ser interrompido pelas medidas tomadas após o Golpe Militar de 1964. 
  • Depois deste período, o governo militar instituiu o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), que se expandiu por todo o país. Embora discreta e isoladamente, houveram iniciativas mais críticas no desenvolvimento e prática de métodos baseados em Paulo Freire, ligadas a sindicatos e instituições religiosas. Nesse período experiências legítimas de educação popular e educação de adultos foram mantendo-se sob sigilo, sem ampla divulgação até meados da década de 1980.
  • Com o fim da Ditadura Militar, a educação de adultos ganhou maior dimensão, até a extinção do MOBRAL em 1985. A partir daí,  muitas iniciativas em favor da expansão massiva do acesso à educação no Brasil, principalmente no final da década de 1990 em diante. Iniciativas inéditas na história da educação brasileira, motivadas ou até pressionadas por organizações internacionais (UNESCO, Banco Mundial) e as metas estabelecidas pelas mesmas. Houve em todo o mundo uma ampliação do conceito e prática da alfabetização, no sentido de considerá-la como formação, provida de muitos outros aspectos que não apenas a prática da leitura e escrita.

Um dos princípios mais difundidos para a EJA, na Proposta Curricular para Educação de Jovens e Adultos do Ministério da Educação – 1998: “a incorporação da cultura e da realidade vivencial dos educandos como conteúdo ou ponto de partida da prática educativa”. Princípio este que como muitos outros ainda não chegou de forma concreta e solidificada ás práticas diárias das salas de aula.

➽ É importante vivenciar uma nova experiência, testar novas concepções ou conjunto de conhecimentos. Porém aprendem melhor quando sentem-se valorizados e respeitados, ressaltando que a experiência de aprendizagem é ativa e não passiva, pois satisfaz necessidades. O aluno de EJA aceita ser responsável pelo seu aprendizado, que é auto-dirigido e significativo. A aprendizagem é direcionada à ideias, sentimentos e ações. Ex. de direção: auto-estima

Quantitativamente a EJA, (antes chamada apenas Educação de Adultos), teve muitos avanços; a facilidade de acesso à escola aumentou consideravelmente, 

Há projetos do Governo Federal, como o Brasil Alfabetizado: que começou a levar em consideração as especificidades deste público, como a elaboração de material didático próprio e significativo, uma metodologia não infantilizada

➽O material novo é relacionado com o que eles já sabem, e atenção ao ambiente de treinamento que contribui para a aprendizagem.

Realidade: mostra problemas muito maiores do que apenas o acesso à educação. 
  • As garantias das condições de permanência e da efetivação de uma educação crítica e conscientizadora, talvez precisem de mais um século para se efetivar, pois envolvem dimensões muito mais complexas que a elaboração de material didático e quantidade de matrículas. 
  • Discussões sobre a escolarização da população de jovens e adultos não são recentes, pois já há mais de meio século as idéias freireanas sobre a mesma ocupam espaço no cenário nacional e internacional. 
  • As discussões avançaram a ponto de hoje compreendermos na escolarização uma necessidade de formação dos sujeitos, embora as práticas educativas estejam caminhando mais lentamente que a velocidade das discussões, congressos e produções acadêmicas.


➤ EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: DICOTOMIA TEORIA-PRÁTICA 


➽ O ensino Andragógico deve começar pela organização da sala, o modo como as cadeiras devem estar arrumadas. É importante que essa organização facilite discussões, melhor posição em círculo ou semi-círculo, jamais em fileira.

➽ Método Socrático de Ensino - devolver a pergunta à classe, para que possam refletir a questão. Exemplo de pergunta: "Quem pode iniciar uma resposta?" Jamais fazer perguntas que causem inibição ou intimidação, como por exemplo: "Quem sabe a resposta?". E jamais, dizer que a resposta está errada, pois deve-se contornar a situação para que o aluno não fique embaraçado em frente aos outros.

Com base inicial em um breve histórico de EJA no Brasil, os autores descrevem que  as origens do caráter corretivo, são para ajuste sobre aquilo que a escola regular não fez. 

Perfil de público a ser atingido: o economicamente marginalizado. Todavia a EJA não representa propriamente numa sociedade neoliberal uma necessidade econômica e sim uma concessão, conseguida com muitas dificuldades. 

"Falta ainda a conscientização de que a EJA está incluída na Educação Básica e têm direitos garantidos por lei, mas ignorados na prática."


Constatações sobre a EJA:
  • Por longo tempo, vista como uma espécie de compensação, de reparação para com o público de adultos ainda não alfabetizados.
  • Possuía mais as características de pagamento por uma dívida social que se formou ao longo da história para com a camada mais pobre da população. Esta tradição foi alterada nos códigos legais na medida em que a Educação de Adultos, mediante muita reivindicação dos movimentos sociais, foi tornando-se direito de todos.
  • Deslocou-se a ideia de compensação para o campo da reparação e da equidade, mas equidade relativa. Pois muitos foram e ainda são impedidos de exercer seus direitos por fatores como a própria negação do direito à educação, e ainda hoje muitos sofrem as conseqüências desta realidade histórica.
  • A sociedade que valoriza cada vez mais a educação escolar como condição básica para o exercício da cidadania, o acesso ao mundo do trabalho e a apropriação e o exercício de um senso crítico que o permita exercer plenamente direitos políticos e sociais. Para tanto algumas políticas públicas no âmbito educacional vem dando bastante ênfase a ampliação do número de vagas no ensino fundamental. 

  • Há um aumento significativo na oferta de vagas, mas a média nacional de permanência na escola, para a etapa obrigatória (oito anos) fica entre quatro e seis anos. E os oito anos obrigatórios acabam por se converter em 11 anos, estendendo a duração do ensino fundamental quando os alunos já deveriam estar cursando o ensino médio. O resultado desta realidade é a repetência, a reprovação e a evasão escolar mantendo e aprofundando a distorção idade/série e consequentemente aumentando o número de pessoas que cedo ou tarde voltarão à escola como alunos da EJA.
Os autores do artigo consideram que:

"Ao analisarmos a proposta de documentos oficias para a Educação de Jovens e Adultos constatamos que a mesma, teoricamente, deve levar em consideração a proposta de formação de um ser critico e capaz de trilhar seus próprios caminhos. Para tanto seria necessário que a educação estivesse cumprindo o papel de possibilitar aos educandos a aquisição de conhecimentos e habilidades necessários ao exercício da cidadania, preparação para o mundo do trabalho e para uma participação critica na vida política."

Segundo Freire (1980, p.20) “uma educação deve preparar, ao mesmo tempo, para um juízo critico das alternativas propostas pela elite, e dar a possibilidade de escolher o próprio caminho”.

O QUE OCORRE NA PRÁTICA?


A educação tem cumprido uma função paliativa, pois busca produzir números que apareçam nas estatísticas. Em segundo plano é deixada uma proposta concreta que venha a efetivamente nortear a Educação de Jovens e Adultos, oferecendo aos sujeitos deste processo a possibilidade de se reconhecer como cidadãos e de possuir ferramentas que os permita construir seu senso critico, sua formação como seres conscientes do seu papel social. Além de terem a possibilidade de uma reconstrução do seu próprio mundo como ponto de partida para a formação de uma consciência libertadoraHouve evolução em termos de legislação, a educação que cria e garante oportunidades ainda atinge a minoria da população. 

Quem precisa da EJA? 
Aqueles que desde criança precisaram parar de estudar para trabalhar em período integral, com certeza não têm nem a mesma formação nem as mesmas oportunidades de concluir o Ensino Fundamental e Médio, ingressar no Ensino Superior e simultaneamente à formação escolar, ter acesso a uma formação cultural ampla. Nesta perspectivas percebemos que EJA abarca pessoas que fugiram à “regra” do que a legislação propõe para a educação. Mais do que fugirem à regra, ficaram à margem do que determinam as leis com relação a direitos para todos.

 As reais necessidades de aprendizagem dos alunos da EJA são referentes à resolução ou melhoria na situação cotidiana, pois eles já tem um leque de problemas, tais como família para sustentar, manter ou conseguir novo emprego, ganhar mais, etc.A maioria entra na EJA para aprender a ler e escrever, raros seguem estudando. O esforço do professor/educador será um grande diferencial para que esse aluno avance.

Na afirmação inicial da hipótese dos autores, a educação se propõe a formar para a cidadania. Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira “cidadania é a qualidade ou estado do cidadão”, entende-se por cidadão “o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um estado, ou no desempenho de seus deveres para com este”

Refletindo esse parâmetro de definição sobre cidadania, os alunos de EJA ainda não conseguiram obter esse patamar. Os autores consideram que pode-se partir de uma definição teórica, mas é necessário que o conceito seja vivenciado, que as pessoas o entendam de fato e identifiquem-se com tal definição em suas vidas. 

A Constituição Federal (1988) garante acesso de todos à educação, mas devido a desigualdades sociais, a exclusão e aos complexos processos de marginalização pelos quais ainda passa grande parte da população é preciso que haja outra lei, para garantir que, os que foram excluídos dos direitos “garantidos” pela primeira, sejam atendidos pela segunda. 

É o caso da Lei 9394/96, que prevê oportunidades e mais garantias, quando na prática;
  • Ainda vemos o aluno da EJA indo à escola com o objetivo de responder a demandas sociais, as quais não o incluem mais como ser produtivo. Demandas das quais nem ele se dá por conta. 
  • Seja um aumento no número de vagas promovido pelas políticas educacionais, seja a necessidade de melhorar os índices de desenvolvimento da população, ele é numericamente incluído, mas ainda não tomou consciência do que o leva até ali, do que esperar disso para si e para a sua comunidade. 
"É neste sentido que os autores questionam sobre qual a real função social da educação para a EJA."
 Segundo Barroso: "Atualmente, a função social da escola é residual e não está conseguindo cumprir com o seu papel (...). Nesse contexto, se discute as possibilidades de estabelecer uma outra relação entre a escola e o local, pois pode dar um novo sentido e significado a essa instituição e contribuir para reinvenção de outra regulação e organização. Esse é o grande desafio que se coloca, atualmente, para combater a exclusão e a segregação interna e externa dos indivíduos."
Reflexão dos autores: Barroso nos fala sobre reinvenção e um novo sentido a este modelo de escola que, segundo ele, não tem cumprido seu papel, que para nós não pode ser outro a não ser formar um cidadão crítico, consciente de seu papel na sociedade e ativo, com poder de reflexão e decisão. Espera-se que seja ampla esta função social, bastante complexa como em todas as definições que encontramos, mas, ao que pesquisamos, a função social tem-se resumido a alfabetização, a processos burocráticos e didáticos de elevação do tempo de permanência da população na escola. A visão encontrada não passa ainda pela formação humana e do cidadão pensante.

Função social da escola ou da educação escolar:
  • Função social como sua razão de ser, pois em Vieira vemos que “sempre que a sociedade defronta-se com mudanças significativas em suas bases sociais e tecnológicas, novas atribuições passam a ser exigidas à escola”.(VIEIRA 2002, pág 13). 
  • Nossa sociedade já passou e passa por muitas mudanças, por isso a importância de questionarmos que função a escola está cumprindo nesta sociedade e principalmente se os sujeitos da escola têm noção sobre esta função.
Que função social cumpre a escola para a EJA?" Nossa pesquisa não pretende encontrar a resposta, mesmo porque sob diversos aspectos as respostas são muitas e variam de acordo com a demanda da sociedade." 

A ESCOLA E AS  PROPOSTAS PEDAGÓGICAS DA EJA

O papel da escola ainda está na fase de dar oportunidade de escolarização básica aos que não tiveram oportunidade na fase própria. Ainda enfrenta problemas de ordem física, espacial, de acomodação dos alunos, de adequação do mobiliário e da evasão. O levantamento teórico obteve como resultado da pesquisa, a existência de um alto índice de evasão nas turmas de EJA. 

Reportagem da Revista Nova Escola edição 172 de mai/2004: Apresenta dados do Ministério da Educação, os quais informa que menos de 30% dos alunos concluem o curso na EJA.

Razões de evasão: 

  • Principalmente pelo uso de material didático inadequado para a faixa etária, 
  • Conteúdos sem significado
  • Metodologias infantilizadas, aplicadas por professores despreparados 
  • Horários de aula que não respeitam a rotina de quem trabalha e estuda
  • Não se levar em conta às particularidades deste público. 

Conclui-se com esses dados que a prática exercida na Educação de Jovens e Adultos não condiz com as propostas existentes para a mesma. 

A proposta da LDB (Lei n. 9.394/96), em seu artigo 1º: refere-se aos princípios norteadores da educação e estimula a criação de propostas alternativas para promover a igualdade de condições para o acesso e permanência do aluno no processo educativo, a utilização de concepções pedagógicas que valorizem a experiência extra-escolar e a vinculação com o trabalho e com as praticas sociais. Tal parecer sugere segundo Pinheiro “propostas pedagógicas concretas e mais próximas da realidade” (1999, p.29).

 A proposição de diálogos sobre campo de atuação profissional, o mundo do trabalho, sobre a vida. Dialogar conteúdo histórico, legislativo e informativo. Avaliar sempre o interesse e o progresso. Estimular a reflexão, argumentação, de modo a perceber evolução, inclusive no comportamento. Exemplo disso, há os mais reservados que se tornam participativos, o que é uma enorme evolução por vencer o medo da exposição.

De acordo com a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais a Educação de Jovens e Adultos deve ser pensada como um modelo pedagógico próprio, com o objetivo de criar situações de ensino-aprendizagem adequadas às necessidades educacionais de jovens e adultos, englobando as três funções: a reparadora, a equalizadora e a permanente, citadas no Parecer 11/00 da CEB/CNE.

  • De acordo com tal parecer, a função reparadora significa a entrada no circuito dos direitos civis pela restauração de um direito negado: o direito a uma escola de qualidade e o reconhecimento de igualdade de todo e qualquer ser humano.
  • A função equalizadora dará cobertura a trabalhadores e a tantos outros segmentos da sociedade possibilitando–lhes a reentrada no sistema educacional. Finalmente, a Educação de Jovens e Adultos deve ser vista como uma promessa de qualificação de vida para todos, propiciando a atualização de conhecimentos por toda a vida. 
  • A função permanente da Educação de Jovens e Adultos, não apenas alfabetizar, engrossar índices e estatísticas, mas reconhecer os cidadãos que nela se matriculam e permitir, de fato, que acumulem ferramentas para o exercício da cidadania.
É importante ressaltar que a educação destinada a jovens e adultos por si só já apresenta características peculiares. 

É uma modalidade de ensino que se destina as pessoas, que pelos mais diversos motivos, entre eles condições sociais adversas associadas à falta de políticas de planejamento eficazes na esfera escolar, não concluíram a escolaridade básica na “idade própria”.

Por este mesmo motivo é imprescindível que exista uma prática voltada para a realidade do educando, considerado tal ação necessária para que seja possível o acesso e permanência dos alunos, assim como o desenvolvimento dos propósitos a eles destinados.

 Deve pensar em como articular os conhecimentos prévios frente aos disseminados pela cultura escolar. Primeiramente, articular os conhecimentos trazidos pelo aluno de EJA, de sua vivência e sua visão de mundo. Valorizar seus conhecimentos, estimular o que já sabem associando com os novos conhecimentos explorados em sala de aula. Através do diálogo nem puramente academicista e nem puramente instrumental, buscar equilíbrio acolhendo o sujeito. É preciso reinventar a didática cotidiana para a organização do trabalho pedagógico.