A Guerra na Síria é tema do grupo de estudo em que participo na FSB-PR sob orientação da Mestra Marli Barros. O enfoque maior é dado à velha cidade de Aleppo. Para compreender esta história, realizei pesquisas acerca do tema utilizando o site Politize, informações da BBC e outros. Meu intuito é compreender as motivações políticas, consequências e interesses ligados a temática em questão.
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Aleppo, antes e depois. Imagem do site Tendencee
Mais imagens do antes/depois de Aleppo em: Tendencee
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A Síria é governada pelo ditador Bashar al-Assad desde 2000 e pela família al-Assad desde a década de 1970. Apesar de não apoiarem o ditador, os cristãos, os xiitas e até parte da elite sunita preferem ver Assad no poder diante da possibilidade de ter um país tomado pelos extremistas.
Uma das primeiras forças internas que se rebelou contra o governo sírio foram os grupos sunitas, que se opunham a Assad (que é xiita). Os sunitas têm dezenas de ramificações e ideologias, mas unem-se com o princípio básico de derrubar Assad. São chamados de “rebeldes moderados”, por não serem adeptos do radicalismo islâmico. A maior expressão entre eles é o Exército Livre da Síria (ELS). Grupos que atuavam nos protestos uniram-se aos militares desertores, representados pelo ELS, constituído por milícias armadas que objetivavam revidar a ação violenta do governo e expulsar as tropas do exército sírio de suas cidades. Todavia, Bashar Al-Assad não recuou e aumentou ainda mais a repressão no país.
Quanto às alianças externas, Assad conta com o apoio do Irã e do grupo libanês Hezbollah. Juntos eles formam um “eixo xiita” (seguem essa interpretação da religião islâmica no Oriente Médio). O grupo se opõe a Israel e disputa a hegemonia no Oriente Médio com as monarquias sunitas, lideradas pela Arábia Saudita.
O principal aliado de fora é a Rússia, que mantém uma antiga parceria com a Síria. Tanto o apoio do Hezbollah e das milícias iranianas, quanto os bombardeios mais recentes realizados pelas forças russas têm sido fundamentais para a sobrevivência do regime de Assad e o seu recente fortalecimento no conflito.
O principal aliado de fora é a Rússia, que mantém uma antiga parceria com a Síria. Tanto o apoio do Hezbollah e das milícias iranianas, quanto os bombardeios mais recentes realizados pelas forças russas têm sido fundamentais para a sobrevivência do regime de Assad e o seu recente fortalecimento no conflito.
Forças de segurança sob comando dos líderes dos países árabes continham os ditos rebeldes e o povo vivendo em dificuldades, tinha o dinheiro público monopolizado pelos poderosos que comandavam o país.
Entre os anos de 1950 e 1970, os países da região árabe mantiveram-se sob o comando de regimes repressores, os quais não permitiam a formação e desenvolvimento de uma oposição política. Assim, os movimentos islamistas aproveitaram o vazio provocado por essa limitação.
Entre os anos de 1950 e 1970, os países da região árabe mantiveram-se sob o comando de regimes repressores, os quais não permitiam a formação e desenvolvimento de uma oposição política. Assim, os movimentos islamistas aproveitaram o vazio provocado por essa limitação.
Os protestos na Síria contra o governo de Bashar al-Assad foram motivados pela onda de protestos que se espalhou pelos países árabes a partir de 2010, em que pediam reformas no governo e mais democracia. Também, que houvesse a instituição do pluripartidarismo em oposição ao governo autoritário e corrupto existente, criação de mais empregos, redução de juros para possibilitar a aquisição de itens básicos de necessidade pessoal e coletiva (ex.: alimentos), qualidade de vida para população, dentre outras solicitações.
Os protestos pró-democracia começaram em março de 2011, na cidade de Daraa, após a prisão e tortura de adolescentes que haviam pintado slogans revolucionários no muro de uma escola. E a batalha logo chegou na capital, Damasco. A repressão do governo de Bashar al-Assad foi violenta, os protestos espalharam-se por toda a Síria, inclusive em sua maior cidade, Aleppo, no ano de 2012.
O confronto militar em Aleppo foi iniciado em 19 de julho de 2012, como parte da Guerra Civil Síria. Marcado pelo uso de bombas de barril jogadas de helicópteros pelo exército sírio, ocasionou a morte de milhares de pessoas e causou a evacuação de centenas de milhares de outras. Esta batalha causou uma destruição catastrófica.
Essa guerra é considerada um dos grandes desastres humanitários dos últimos anos.
"Moderados seculares hoje são superados em número por islâmicos e jihadistas, adeptos de táticas brutais que motivam revolta pelo mundo" (BBC).
Aleppo, já foi a capital econômica da Síria, virou o símbolo da guerra que devasta o país.
Primavera Árabe: movimentos pró-democracia ocorridos em países do Oriente Médio e do norte da África que surgiram devido aos problemas demográficos e estruturais enfrentados pelos povos árabes."Num primeiro momento, simpatizantes dos que se rebelaram contra o governo começaram a pegar em armas – primeiro para se defender e depois para expulsar as forças de segurança de suas regiões. Esse levante de pessoas nas ruas, lutando por democracia, faz parte de um movimento chamado Primavera Árabe e podemos dizer que esse processo culminou no início da guerra civil na Síria." (Politize!)
Segundo a investigação conduzida pela comissão da ONU, liderada pelo brasileiro Paulo Sério Pinheiro, o regime do ditador Assad foi responsável pela tortura e morte de milhares de pessoas, inclusive crianças. Ele informou que não há dúvida de que soldados não conduziram essas operações sem o conhecimento de seus superiores. Pelas testemunhas que aceitaram falar com a comissão, está claro que as ordens de massacrar os protestos da forma que fosse necessária vinha da cúpula.
A ONU declarou que a guerra na Síria se intensificou de modo indiscriminado e desproporcional, tanto quanto as violações dos direitos humanos. Já são mais de 250 mil mortos. Já o Centro Sírio para Pesquisa Política fala em mais de 400 mil óbitos em decorrência do conflito.
Facções extremistas islâmicas, fragmentadas em diversos grupos, estão entre os que querem derrubar Assad . Uma das organizações que mais conquistaram terreno, principalmente nos primeiros anos do conflito, foi a Frente Al-Nusra, um braço da rede extremista Al Qaeda na Síria.
Em 2014, o Estado Islâmico dominou áreas na Síria e no Iraque, as denominou de califados (referindo-se aos antigos impérios islâmicos depois de Maomé, seguidores rigorosos das leis islâmicas).
O Estado Islâmico aproveitou o vácuo de representação por parte do governo, a revolta da sociedade civil e a guerra brutal ocorrida na Síria para fazer seu espaço, ocuparam metade do território sírio. Para isso, enfrentaram rebeldes e rivais jihadistas da Frente al-Nusra, ligada à Al-Qaeda, bem como o governo e forças curdas.
Há os Curdos, uma etnia sem Estado e sem território próprios, constituídos por um grupo de 27 a 36 milhões de pessoas que vivem em diversos países, inclusive Síria. Eles reivindicam a criação de um Estado para o seu povo (Curdistão). Desde o início do conflito sírio, a Unidade de Defesa Popular (uma milícia) foi criada com o objetivo de defender as regiões habitadas pelos curdos no norte do país. Eles se fortaleceram a ponto de dominar um grande território próximo da fronteira turca na atualidade. São considerados úteis ao regime de Assad, pois se opõe tantos aos rebeldes moderados quanto aos extremistas do Estado Islâmico.
Existem provas de que todas as partes envolvidas cometeram crimes de guerra (assassinato, tortura, estupro e desaparecimentos forçados). Tanto quanto foram acusadas de causar sofrimento civil, por promover bloqueios que impedem fluxo de alimentos e serviços de saúde, como tática de confronto.
Em 2014, devido ao avanço do Estado Islâmico no ganho de territórios, os Estados Unidos fizeram ataques aéreos na Síria em tentativa de enfraquecê-lo, evitando ataques que pudessem beneficiar as forças de Assad. Assim começou uma campanha aérea no Iraque e na Síria, com apoio de Canadá, França, Reino Unido e vários países árabes.
Em 2015, a Rússia fez o mesmo contra terroristas na Síria, mas ativistas da oposição dizem que os ataques têm matado civis e rebeldes apoiados pelo Ocidente. A Síria é um importante comprador de armamentos da Rússia, e oferece ainda ao país a base naval de Tartus, única instalação russa no mar Mediterrâneo.
Em julho de 2015, uma trégua entre o governo turco e o PKK foi interrompida após um atentado suicida em Suruc, povoado curdo em território turco, perto da fronteira com a Síria. Os curdos atribuíram o atentado, que deixou 32 mortos, a uma suposta conspiração entre Ancara e Estado Islâmico, algo que a Turquia nega.
Por que a Síria é o território de fogo cruzado dessa guerra fria?
Rússia e os Estados Unidos querem o fim do Estado Islâmico. Porém, os Estados Unidos querem a queda do governo de Bashar Al-Assad, pois considerarem que seu regime não-democrático é prejudicial à Síria e, por isso apoia os rebeldes; por outro lado, a Rússia acredita na força de Assad e está apoiando seu regime.
Aliados e inimigos
Os EUA estão em desacordo com a Rússia pelo destino do presidente Assad, aliado de Moscou que Washington deseja fora do poder. Um dos aliados ocidentais dos Estados Unidos é a França e outros países com diferentes níveis de envolvimento são Irã, Turquia e nações do Golfo Pérsico. Ocorreu uma inesperada aproximação entre EUA e Irã, unidos pela aversão a extremistas sunitas, todavia distanciados pelo apoio iraniano a Assad e à guerrilha libanesa Hezbollah, considerada organização terrorista pela Casa Branca. Integram a coalizão liderada pelos EUA: Bahrein, Jordânia, Catar e Emirados Árabes Unidos, todos em linha com a atuação saudita.
O Irã é aliado histórico do governo de Assad, a quem fornece armas, apoio militar e financeiro. Para o esse país, a subordinação de Assad é chave para impor freio à influência de seu grande rival na região
Arábia Saudita, que por sua vez, se opõe a Bashar Al-Assad e apoia os rebeldes sunitas. É uma potência sunita e grande rival do Irã, integra desde o início a coalizão liderada pelos EUA para atacar o Estado Islâmico.
Turquia, de maioria sunita, é outra potência da região. Apoia a coalizão liderada pelos EUA e rebeldes. Seu envolvimento no conflito do país vizinho começou ao apoiar ao Exército Livre da Síria, um dos principais movimentos rebeldes contra Assad. Esse país ataca posições de milícias curdas na Síria, as Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), braço armado do Partido da União Democrática (PYD), aliado tradicional do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), perseguido há 30 anos na Turquia por buscar autonomia curda no país. Em paralelo, o governo turco conserva boas relações com o Governo Regional do Curdistão no Iraque (KRG), os peshmerga (forças armadas do KRG) e o Partido Curdo no Iraque (KDP). Enquanto isso, no teatro de operações na Síria e no Iraque, curdos turcos, curdos iraquianos e governo turco estão contra o Estado Islâmico.
Segundo a BBC, a estratégia da Turquia para Kerem Oktem (professor da Universidade de Graz, na Áustria) é "simular que luta uma guerra contra o Estado Islâmico e perseguir outra meta, que é destruir o PKK". Em entrevista à BBC, Cemil Bayik (líder do PKK) disse que a Turquia ataca forças curdas para evitar que combatam o Estado Islâmico. Ele diz acreditar - e há outras opiniões nesse sentido - que Ancara esteja protegendo o Estado Islâmico em vez de combatê-lo.
A Convenção de Genebra de 1951, define refugiado a “pessoa que foge em função de um bem embasado medo de perseguição devido à raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social, ou opinião política”.
Motivo pelo qual a maioria se refugia na Europa
Muitos fugiram em busca de abrigo nos países da Europa, África e Oriente Médio. A Europa é mais visada pelos refugiados, porque o nível de vida nesses países é superior quando comparados à África e ao Oriente Médio. Outra razão, é pela facilidade geográfica na passagem de um continente para o outro que estimula a imigração e o intercâmbio entre as nações. Deve-se considerar que os países que hoje possuem grandes setores da sua população se dirigindo à Europa na fuga de guerras ou em busca de oportunidade, são os mesmos países que foram colonizados pelos próprios europeus na segunda grande onda colonizadora e imperialista moderna: aquela que começa no fim do século XVIII e se intensifica no século XIX pelas grandes potências capitalistas (Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, etc.)
Sírios refugiados no Brasil
Os dados do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), do Ministério da Justiça, mostram que em cada quatro refugiados no Brasil um é sírio.(G1). O número de concessões de refúgio aos sírios em 2015 representa 43% do total de solicitações aceitas (1.231).
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