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segunda-feira, 2 de abril de 2018

Sociologia da Educação: Émile Durkheim



Revisão de Sociologia - aula da Prof. Marli (FSB) - parte 1

A sociologia é uma ciência social humana e através dela podemos compreender a estrutura interna dos grupos. 

A ciência é aquilo que produz conhecimento, portanto a sociologia produz conhecimento sobre a sociedade, de modo que a filosofia não é considerada uma ciência, porque não tem pretensão de apresentar verdades. Contudo, ela incita o pensamento, permitindo uma reflexão mais profunda.

Objetivo da sociologia: Estudar os grupos sociais, ou seja, a sociedade

Pontos observados nos grupos sociais: valores, comportamentos, ética e moral (sem moralismo), organização social (dinâmica de vivência), questões culturais, leis, instituições, burocracias, etc.  
    Os principais fatos histórico-sociais que propiciaram o surgimento da sociologia como ciência, foram a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. 

  • A revolução industrial que veio amparada pelo pensamento iluminista da Revolução Francesa foi reflexo da superestimação das ciências da natureza como a verdadeira forma de construção do conhecimento. A sociologia surgiu diante da necessidade de se compreender os novos fenômenos sociais que fervilhavam em meio à nova sociedade industrial que se formava nas cidades. (Mundo Educação)
No contexto das revoluções do século XVIII:
  •  na Revolução Industrial (1750) 

* Mudança na estrutura econômica - Pioneirismo Inglês (Máquina a vapor)

Marcou a desagregação do Sistema Feudal e consolidação do Capitalismo.

Inglaterra tinha um projeto de país engajado em indústria e comércio internacional. 

Contextualizando: Novo modo de produção, novas relações de produção

No período agrícola, vigorava o trabalho do artesão (rústico, manufaturado), que era dono do seu local de trabalho, das ferramentas e do produto final. Nessa situação, imagina a vida de um sapateiro que Com a Revolução Industrial, o artesão não consegue concorrer com as fábricas, pois a produção passa a ser em série. Assim, de um pequeno empresário, ele é submetido à condição de empregado assalariado, perdendo sua autonomia. 
Resumindo, a produção artesanal familiar perde espaço para as fábricas, que ocupam espaços urbanos e destina grande parte da sua produção para a exportação. Resultado dessa história,  operários explorados com longa horas de trabalho, partindo disso surgiram os primeiros movimentos operários.


Formação de duas classes sociais distintas: proletariado e burguesia industrial.

Fatores para que o processo industrial fosse iniciado na Inglaterra no século XVIII:
  • Chegada da burguesia inglesa ao poder político (séc XVII). Essa ascensão, proporcionou maior participação política da burguesia no Parlamento, desde 1688 (Revolução Gloriosa). 

  • Ingleses acumularam capital por séculos devido ao monopólio comercial durante a Expansão Marítima europeia, desde o século XVII. 
Fontes dessa renda: 
  • EUA era colônia que oferecia matéria-prima, navios; Comércio com as colônias da Espanha; Participação do comércio na Ásia; Tratado com Portugal (1703) - fornecia tecido para Portugal; etc.
  • Uso capitalista do solo que gerou fluxo migratório para cidades industriais, justificado pelo Cercamento: Situação em que os grandes proprietários rurais, valendo-se de decretos reais, incorporavam as terras comunais, e estas eram utilizadas para a criação de ovinos objetivando a produção de lã (matéria-prima da produção de tecidos) nas pioneiras manufaturas têxteis. Essas terras, anteriormente, pertenciam à Igreja Católica e aos camponeses, que foram expulsos de suas terras e obrigados a migrar para as cidades em busca de trabalho nas indústrias. Ou seja, sobra terra para ovelhas e falta para os homens. Fato que gerou inchaço urbano; baixa qualidade de vida (miséria, mendicância, alcoolismo); prostituição; exploração da mão-de-obra feminina; exploração do trabalho infantil; problemas de saúde pública como epidemias, etc.
  • A Inglaterra era dotada de fontes de energia natural (carvão e ferro). Havia importantes reservas de minério de ferro e carvão que posteriormente, tornou-se o principal combustível das inovações técnicas, a exemplo da máquina a vapor (substituta das máquinas movidas à força humana). Troca da força motriz humana pela força mecanizada, o que consequentemente aumentou a produtividade.
  • Mão-de-obra disponível
  • Matéria-prima disponível/mercado consumidor/poderosa marinha mercante.
  • Ética Protestante - acreditam numa necessidade de ser produtivos, acordar cedo e estar disposto a produzir, trabalhar. Porque a ética protestante fala em produtividade, ser autônomo e não depender de terceiros. Crença da aprovação divina, em que se trabalha para progredir e prosperar. Trabalho como caminho da salvação, tendo na ascensão social como benção de Deus. Foco em negócio próprio, ter riqueza, família.. Diferente do católico da época, por exemplo: um nobre francês católico que enxergava o trabalho como algo para escravos.
* Lembrando que, a Revolução Industrial no Brasil, só chegou depois.


Émile Durkheim é considerado um dos fundadores da sociologia moderna. 

Com suas contribuições, o campo sociológico se estabeleceu como uma nova ciência. Durkheim procurou compreender como a sociedade de sua época se organizava e o que mantinha os indivíduos unidos.

Viveu na sociedade do século XIX em transformação devido aos desdobramentos da Revolução Francesa e Industrial, sofrendo as influências das ideias iluministas que apostavam no progresso da humanidade e na necessidade de se criar um novo sistema moral e científico mais condizente com a sociedade industrial.

Influenciado pelo Positivismo de Auguste Comte (1798-1857), que está presente em seu método de estudo: a sociedade deveria ser estudada por meio da observação e experimentação.

A relação entre a Revolução Industrial e o surgimento da Sociologia como ciência: 

A ideia de uma ciência voltada para o estudo das sociedades e os fenômenos sociais surgiu por meio das observações dos intelectuais interessados pelo estudo dos novos fenômenos que surgiam nos meios urbanos crescentes. No entanto, essa nova área do conhecimento só se estabeleceu de fato como Sociologia com os trabalhos de Émile Durkheim. A consolidação do modelo econômico baseado na indústria conduziu a uma grande concentração da população no ambiente urbano, o qual acabou se constituindo em laboratório para o trabalho de intelectuais interessados no estudo dos problemas que essa nova realidade social gerava.

Durkheim concentra sua atenção na divisão do trabalho, que é um fato social presente em todos os tipos de sociedade. Nas sociedades capitalistas, o trabalho é pensado como uma atividade funcional que deve ser exercida por um grupo específico: os trabalhadores. Durkheim entende a divisão social entre trabalhadores e empregadores como uma divisão funcional. Divisão entre aqueles que devem cumprir uma atividade de organização da produção e mando (os empregadores) e os que devem desenvolver uma atividade produtiva (os trabalhadores). Essa divisão, como extensão da divisão do trabalho, promove a coesão social e, por isso, deve ser preservada socialmente. No entanto, nessa divisão há problemas que Durkheim vê como doenças sociais que devem ser corrigidas para que o todo social se desenvolva adequadamente. Se há excessos por parte de capitalistas ou de trabalhadores, deve-se regulamentar suas atividades a fim de alcançar o equilíbrio e garantir a integração social das partes envolvidas. Dessa forma, o lema de Durkheim prevalece: as partes (os indivíduos) devem submeter-se de modo a garantir a permanência do todo (a sociedade). De um lado, o capitalista não se deve deixar levar pelo egoísmo do lucro exacerbado, de outro, o trabalhador não deve questionar sua funcionalidade dentro da divisão do trabalho. Para ele, quanto mais especializado é o trabalho, mais laços de dependência se formam. Assim, quanto mais desenvolvida for a divisão do trabalho, maior será a teia de relações de dependência entre os indivíduos (um padeiro depende de um agricultor, que depende de um ferreiro, e assim por diante).(Blog do Chicó)
  • na Revolução Francesa (1789-1799).

* Mudança na estrutura política - novas relações de poder.


França - Século XVIII - Período de extrema injustiça social na época do Antigo Regime.

Em 1787, antes mesmo do início da Revolução, houve a Revolta dos Notáveis - momento que a população começou a mostrar a sua insatisfação de forma popular.

Em 1789, a população da França era a maior do mundo. Os acontecimentos da Revolução Francesa iniciaram no dia 05 de maio de 1789, e seguiram até 09 de novembro de 1799. Trouxe o fim do arcaico sistema absolutista e os privilégios da nobreza. 

Sistema de governo: Monarquia Absoluta. Rei com poderes absolutos (justiça, economia, política, religião).

Dividida em três estados: O Primeiro estado representado pelo clero (alto e baixo clero) e o Segundo estado pela nobreza (cortesão, provincial ou de Toga). Privilégios desses dois grupos: não pagavam impostos. Fato que incomodou o Terceiro estado. A corte de Luís XVI controlava a França e o custo de seus luxos eram exorbitantes. Isso foi o marco para que a população clamasse pelo fim do absolutismo monárquico, assim como com todos os privilégios que eram possibilitados ao clero e principalmente à nobreza. O Terceiro Estado era formado pelos trabalhadores urbanos, camponeses e a pequena burguesia comercial. Os impostos eram pagos somente por este segmento social com o objetivo de manter os luxos da nobreza. Influenciados pelas ideias iluministas, revoltaram-se contra os outros segmentos e passaram a lutar por igualdade.



Crise na Economia Francesa: Agricultura enfrentando problemas como secas e inundações; indústria têxtil em concorrência com os ingleses e o comercio prejudicado por estes fatos. O povo sofrendo com a fome, miséria, desemprego e marginalização.

Períodos de política turbulenta: governos de império, ditadura e monarquia constitucional.

Fases da Revolução: Assembleia Constituinte; Assembleia Legislativa; Convenção Nacional; O Diretório.



Queda da Bastilha - A Bastilha era o símbolo do absolutismo francês e sua destruição se tornou o ícone da Revolução Francesa de 1789.

A Revolução Francesa foi extremamente sangrenta. O que nos leva a pensar, quanto de violência justifica uma transformação social?



  • De acordo com Émile Durkheim, os fatos sociais são características que moldam o comportamento dos indivíduos em sociedade. Os fatos sociais são definidos pelo autor como Exteriores ao indivíduo, coercitivos e generalizados, em outras palavras, são modos de agir, de pensar e de sentir, que são exteriores ao indivíduo, e exercem sobre ele uma coerção. 
  • Ele acreditava que Sociologia deveria abster-se de estudar as individualidades dos sujeitos e debruçar-se sobre estudos generalistas acerca dos fatos sociais, que foram definidos por esse pensador como os aspectos de nossa sociedade que moldam as nossas ações em sociedade, tais como a língua, o Estado e a moral. Portanto, os fatos sociais eram exteriores ao indivíduo, pois não dependiam dele para existir; coercitivos, pois a não conformação do sujeito resultava em punição; e generalizados, já que atingiam a todos os integrantes de uma sociedade.
  • A sociologia, para Durkheim, deveria ocupar-se do estudo das sociedades no intuito de entender a fundo os processos sociais que formam a realidade social do Homem, atentando principalmente aos aspectos gerais, e não aos individuais.

Durkheim acreditava que o principal papel da Sociologia era entender os aspectos gerais das sociedades e da realidade do homem social. Para tanto, era preciso considerar principalmente os aspectos gerais, em busca da formulação de uma lei geral do funcionamento social.

"Coisa"

O método utilizado por Durkheim para estudar a sociedade aproxima-se daquele das ciências naturais que busca pela objetividade. Ao observar um fato social o sociólogo deve considerá-lo como “coisa”, como algo externo, procurando afastar as prenoções que carrega acerca daquele fato, libertar-se de falsas evidências, dos preconceitos, de seus sentimentos ou paixões. Deve-se adotar a prática cartesiano da dúvida metódica.

Assista o vídeo documentário sobre Durkheim e a análise dos fatos sociais. 



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