O Sistema Educacional no Brasil é constituído com base nos interesses do governo, pois seus objetivos são vinculados à política da dominação. É fácil compreender na prática, mesmo com uma análise superficial do nosso ensino público, pois vastos são os materiais encontrados na internet, tais como vídeos, documentários, artigos e outros.
De quem é o interesse na manutenção de uma educação sucateada?
Um país tão rico como o Brasil imerso numa pobreza sem fim e nada do que é feito, é suficiente, por que?
Muita corrupção, muita alienação e nada de senso crítico ou participação popular nos problemas e causas sociais que realmente importam. Quais as preocupações do povo? Tanta reclamação por falta de condições dignas de viver, buscam culpados...
... mas quais atitudes estamos tomando?
Pensamento simples: Se você tem acesso a uma escola que te estimula a pensar (formação de senso crítico), então fica fácil exercitar a mente para conteúdos de suma importância que te permita ingressar no mercado de trabalho e competir com chances equivalentes, e mais, fazer análise das estruturas de base como política, saúde e educação, participar de modo ativo e consistente. Mas como são nossas escolas?
Fomos 'ensinados' a ser obedientes, a seguir a cartilha sem racionalizar nossas ações e nosso comportamento. Somos instigados a querer ter o que o nosso dinheiro não pode comprar, vivemos reféns do consumismo, precisamos ter! E depois que adquirimos tais bens ou produtos, passa a fase da ostentação e então, lembramos do que realmente precisávamos. Pessoas se deprimem, compram problemas para ostentar uma vida que não lhes pertence. O Instagram está cheio de vida fictícia ou mesmo páginas do Facebook. A classe dominante cria e a popular investe. Educação para quê?
Acho engraçado, aqui a modinha da vez é o "politicamente correto", preocupam-se em demonizar algumas coisas, porém ninguém demoniza a corrupção. Com essa história demagoga, não vejo a naturalização da orientação sexual, nem das questões de gênero ou raça, ou outras lutas em evidências. Assisto pessoas querendo usar essas causas em benefício próprio e não de um todo como deve ser. Tantas questões para discutir e a atenção sempre é desviada de uma forma indevida, cabe aqui este trocadilho.
O Brasil indo para o buraco e as pessoas se preocupando com pessoas que estão fazendo seu momento, culpo elas? Jamais. Quem está na m#$*¨precisa ser esperto para aproveitar a atenção que lhe é cedida e prosperar. Nesse caso, pagamos para vê-los, diferente de políticos, que são empregados do povo e ganham salários de 5 a 6 dígitos e como se não bastasse isso, são cobertos de regalias... Se são tão bem pagos, por que o trabalho deles não tem efeito na vida da população?
"Salário de R$ 33.763, auxílio-moradia de R$ 4.253 ou apartamento de graça para morar, verba de R$ 101,9 mil para contratar até 25 funcionários, de R$ 30.788,66 a R$ 45.612,53 por mês para gastar com alimentação, aluguel de veículo e escritório, divulgação do mandato, entre outras despesas. Dois salários no primeiro e no último mês da legislatura como ajuda de custo, ressarcimento de gastos com médicos." (Congresso em Foco)
Pelo amor de Deus, e o povo só se f&*#??
Se pensarmos em ...
Alimentação: Um país como o Brasil, riquíssimo em biodiversidade, não consegue suprir a fome de seu povo. A quantidade de pesquisas sobre fome e miséria são absurdas, geralmente o problema se dá por questões político-sociais.
Saúde: O SUS é, na teoria, o melhor programa do mundo. Porém não funciona efetivamente. Poderíamos ter uma saúde de primeiro mundo.
Educação: Temos escolas gratuitas da Educação infantil ao Ensino Médio, porém sucateadas, com professores muitas vezes mal preparados e mal remunerados, que impossibilita o acesso à Educação Superior em instituições públicas, porque as provas de acesso (vestibular e Enem) são excludentes.
Se você sai de uma escola pública sucateada e compete com um aluno de uma escola particular, quem tem mais chances de entrar no nível superior?
O aluno que vem da escola pública que pode ter até uma estrutura física péssima ou às vezes até simpática, porém mal aprendeu a ler, interpretar e fazer contas básicas
ou
aquele aluno que veio da escola particular, muitas vezes com estrutura de shopping center, que teve acesso à viagens, atividades extras (Kumon, cursos de língua estrangeira, etc), fez atividades físicas (tênis, judô, natação, balé, etc.), tem acesso a terapia, lanche diários na escola, refeições 'de verdade', acesso à médicos sempre que necessário...
Educação, claramente, se tornou mercadoria!
Emprego: Aqui temos bem definidos os contornos, fala-se em meritocracia. Analisando a situação acima, que é refletida no contexto da empregabilidade, quais as chances do aluno de escola pública conquistar um excelente emprego e sair vitorioso ante uma concorrência por puro mérito? Será que cabe aqui o fator 'sorte' para uns? Sem contar que, concurso público entrou em escassez, o intento é terceirizar para pagar menos e sucatear instituições como Caixa Econômica, por exemplo, que todos sabemos estar na corda bamba.
Lazer: Acesso à arte e cultura, considerado artigo de luxo. Se não há recursos para prover o básico, então esse quesito é mais que limitado.
Aposentadoria: Se tornou sonho até para funcionários públicos.
Um pouco da História da Educação...
Fazendo um breve paralelo com a história, lembramos que o ponto de partida da educação no país foi com os jesuítas, em que a catequização não era um processo altruísta, mas sim de controle (índios domados e alienados não causariam problemas). Os Jesuítas foram expulsos de Portugal e das suas colônias em 1759, e no Brasil teve um enorme impacto na educação, aqui foi aberto um longo período em hiato. Lembrando que para os portugueses, a escola tinha que estar a serviço do Estado e não da fé.
Anos depois, com a vinda da família Real em 1807, a educação popular foi ignorada e para suprir interesses reais, surgiram: academia militar, curso superior (direito, engenharia, medicina), Biblioteca, imprensa, etc. Já em 1824, outorgada a Constituição Brasileira e no art. 179, foi declarado o direito de instrução primária gratuita para todos os cidadãos, porém o que temos é uma precária educação básica que vigora até hoje.
Na década de 1920, após a Primeira Guerra Mundial, a educação passou por um processo de renovação no setor educacional. Educadores criticavam o modelo passivo de ensino que vigorava, onde os alunos eram vistos como 'folhas em branco', ou seja, eram meros receptores dos conhecimentos do professor (Educação Bancária de Paulo Freire).
Como prova desse descaso, o relatório de Lino Coutinho (Ministro do Império) mostrava os péssimos resultados da implantação da Lei de 1927 (sobre a instrução pública nacional do Império do Brasil, estabelecendo que “em todas as cidades, vilas e lugares populosos haverá escolas de primeiras letras que forem necessárias”). Um belo discurso estava impresso na ideologia, contudo sem recursos para criação de condições para existência das escolas e para o trabalho dos educadores.
Revolução de 1930 - Marco referencial para mudança no perfil do modo de produção brasileira, adoção do Capitalismo, com isso investimento no mercado interno e na produção industrial. Para que investir na educação? Simplesmente, pela necessidade de mão de obra especializada.
Seguindo a história...
Em 1931, implementação da reforma educacional pelo Ministério de Educação e Saúde Pública, a implementação de um currículo enciclopédico, a primeira aparição do currículo nas leis e reformas educacionais, frequência obrigatória nas aulas e dois ciclos (fundamental e complementar, obrigatórios para o ingresso ao nível superior).
Em 1931, implementação da reforma educacional pelo Ministério de Educação e Saúde Pública, a implementação de um currículo enciclopédico, a primeira aparição do currículo nas leis e reformas educacionais, frequência obrigatória nas aulas e dois ciclos (fundamental e complementar, obrigatórios para o ingresso ao nível superior).
Partir para Era Vargas (1931-1945): A educação institucional ganhou contornos e a Escola Nova imperou, todavia este período foi composto por uma sucessão de projetos que pareciam expandir os direitos da classe trabalhadora, mas que analisados na prática, apenas concediam privilégios às classes dominantes.
Anos depois, no período militar (1964-1984), o governo federal reduziu as verbas da educação e por intermédio da Carta de 1967, abriu as portas para educação privada.
Houve a ampliação do estudo obrigatório de 4 para 8 anos; apoio à pesquisa e à pós-graduação; ...
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Mobral em Piquete Foto publicada no Jornal "O Estafeta" |
Criação do MOBRAL para erradicar o analfabetismo (que não deu certo) e nesse contexto, censura contra disciplinas como História, Geografia, Filosofia e Sociologia.
E na atualidade, repetir esse ato não é mera coincidência, pois um povo que não conhece sua história, não tem conhecimento de ideologias e movimentos históricos em prol de uma causa fundamental como a educação, prossegue alienado, sem questionar, sem visão crítica. E para quem isso é importante?? Sem acesso à história do Brasil, não há como fundamentar nossas opiniões, é preciso ler o contexto para formar ideias com embasamento. Certamente, não obter conhecimento histórico só é bom para um grupo e não é o povo.
Surgiram os movimentos de censura contra educadores e eclodiram cursos profissionalizantes. Em 1969, o Regime por meio da Emenda Constitucional nº 1, que previa em seu artigo 176 que “Respeitadas as disposições legais, o ensino é livre à iniciativa particular, a qual merecerá o amparo técnico e financeiro dos Poderes Públicos, inclusive mediante bolsas de estudos”.
A partir de 1985, início da Nova República com o governo de José Sarney, período de redemocratização do país. A repressão aos educadores já não era tão escancarada como acontecia no Regime Militar. Nesta fase, o Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL é substituído pelo Projeto Educar, que desenvolvia ações diretas de alfabetização, realizava a supervisão e o acompanhamento dos recursos oriundos das ONGs e empresas junto às Secretarias de Educação e as Instituições de Ensino.
Em 1886, aconteceu a Conferência Brasileira de Educação é realizada em Goiânia, onde o Conselho Federal de Educação reformula o núcleo comum e os currículos do ensino
de 1º e 2º graus. Foi aprovada a inclusão de matérias ao currículo por via legislativa.
Em
1987, é extinta a Coordenação de Educação Pré-Escolar (COEPRE) e o Programa Pré-Escolar
passam a ser coordenado pela Secretaria de Ensino Básico do Ministério da
Educação e Cultura.
Em 1988, houve redução de investimento na Educação, levando as
escolas públicas brasileiras a uma situação calamitosa.
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Ulysses Guimarães e a Constituição de 1988 |
Constituição de 1988, a Constituição Cidadã: Promulgada após o final do Regime Militar. Nela, surgiram preocupações referentes à educação básica. A educação como direito de todos e dever do estado e da família, Ensino Fundamental gratuito, também aumento das responsabilidades do Governo com educação, dentre outras questões. Leia mais em Politize
Na teoria tudo é lindo...
Depois disso, por voto direto, temos Collor (1990-1992), Itamar Franco (1992-1994), FHC (1994-2002); Lula (2002-2010); Dilma (2011-2016) e atualmente Temer. Tantas mudanças, mas nada que concretize benefícios reais, tais como a redução na desigualdade social ou melhora nas condições de vida da população.
Enfim, o que ainda temos é a pedagogia da manutenção de desigualdade social. E para mudar, será necessária participação popular, reação do povo contra a deterioração das escolas, melhor capacitação dos professores (não se limitar apenas a formação, mas dar continuidade aos estudos, inovar sempre). Vale ressaltar a necessidade de questionamento quanto às práticas em sala de aula, pensar se seguir a cartilha e manutenção da velha mecânica de lecionar é o bastante para a promoção de um trabalho bem feito. O papel do professor é mais do que 'vomitar' conteúdo na sala de aula, é preciso dar novos significados aos velhos conceitos, provocando o aluno a ultrapassar suas limitações e alcançar potencialidades, estimular a criticidade, criatividade e a reflexão dos problema sociais como cidadãos. Pois o aluno de hoje é o eleitor de amanhã.
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